sábado, 6 de junho de 2009

Crescimento do Bairro

Santa Cecília foi um dos primeiros bairros de São Paulo a crescer com loteamentos de alto padrão.

Vários fazendeiros barões do café ali residiam.


O desenvolvimento deu-se após a construção de uma capela. A primeira mansão foi construída em 1884. Projetada na Europa, a mansão de dona Veridiana era uma das mais belas. Tornou-se um bairro nobre da capital de São Paulo. Dona Veridiana transformou sua mansão em ponto de encontro de intelectuais, artistas e políticos. Em 1959 a mansão tornou-se sede do clube São Paulo e hoje é alugada para eventos.


O Largo do Arouche possuía uma das maiores feiras livres da capital.


Hoje prédios tomaram o lugar de muitos casarões. Podemos observar que neste bairro há uma mescla de prédios velhos, novos, mansões, ou casas mais simples.



Alguns são comerciais, outros residenciais; alguns casarões hoje são pensões para famílias de baixa renda ou estudantes.

Dez casarões na Rua Gabriel dos Santos foram tombados para preservar a história do bairro e sua arquitetura eclética, mistura de diversas influências. Arquitetura essa que tem a marca da mão humana em 1950.


Fotos: Patrícia Ramos.
Postagem: Patrícia Ramos.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Primeiras Impressões



Santa Cecília é como um bolo. Tem a cobertura, que são as ruas bem cuidadas próximo ao pólo cultural (universidades). Seu recheio que agrega a Santa Casa e algumas moradias bem conservadas, trata-se do ponto que da acesso a Higienópolis. Os “verdadeiros” moradores, bares de esquinas, ônibus que circulam pra todo lado, restaurantes, crianças brincando no meio dos carros e até os cachorros perdidos fazem parte da massa, que afinal, sem ela não haveria bolo.


Um dos ingredientes que encontramos ao dar uma voltinha para fotografar o bairro, foi o Sr. Manoel. Santista e um morador apaixonado pelo bairro há 44 anos se declara e afirma de peito estufado que o melhor do bairro, tudo!

Como Santa Cecília localiza-se na região central, e tem uma “vida de 25 horas”, sempre há pessoas circulando, mercado 24 horas ou os bares da Lílian Gonçalves que agitam de segunda á segunda, e a Feira de Domingo.


Fora o Sacolão Higienópolis (dentro da Santa Cecília), a feira é a opção para quem quer comprar alimentos frescos e com o “preçinho” mais acessível. Ela funciona das 6da manhã e se estende até ás 16 horas, para atender os idosos que gostam de comprar bem cedinho ou, aos metropolitanos paulistas, que passam suas noites na balada, e o gostoso de tudo é que a feira proporciona uma forma de socializar, comunicar e interagir com as pessoas que durante a semana não se olham ou reconhecem.

Das coisas curiosas e que auxiliam a preservar uma aura bairrista foram às bolinhas de gude, e pude observar as crianças brincando nas praças, as buchas de banho naturais que são ecologicamente corretas e conserto de panelas, que pode trocar a borrachinha da pressão já gasta. Estes elementos alimentam socialmente também.


Fotos: Ana Chung

Postagem: Ana Chung

Seres camuflados


Na madrugada de quarta-feira 03/06/2009, os termômetros registravam 6°. Gostoso para degustar um bom vinho na esquina da Dona Veridiana ou uma sopa bem quentinha no Frango com tudo de Lílian Gonçalves.

Mas, se observar, pode até deparar com alguns moradores que às vezes subestimamos por estar ao relento camuflado entre cobertas e jornais, talvez seja este o motivo da sua “invisibilidade social”.

Fotos: Ana Chung
Postagem: Ana Chung

Você tem fome de que?

A boa pedida são as bibliotecas que se localizam em vários terminais metroviários de São Paulo.


Dentro do metrô Santa Cecília, o novo espaço inaugurado traz banquinhos confortáveis e mesas com suporte á leitura. Este incentivo introduz o hábito da leitura na população, que por muitas vezes ficam horas no trânsito.


Comida para que comida, para quem precisa de comida? Sim, temos fome de cultura, mas nem por isto se esquecer de cobrar um sistema de transporte com mais qualidade e planejamento pra dar evasão ao crescimento populacional.


Fotos: Imagens Google.

Postagem: Ana Chung.


O poste

O objeto que é assunto deste texto não se reserva apenas ao bairro de Santa Cecília, na verdade poderia estar em qualquer lugar do mundo, mas para não perder a “viagem” entre tantas curiosidades sobre este bairro, vale á pena expor.


A expressão “parado como um poste” é muito comum e significa que alguém esta imóvel, inerte a tudo, sem ação. Talvez porque os postes sejam isto mesmo, não importa se feitos de concreto ou de aço, só ficam no meio da calçada, geralmente atrapalhando os transeuntes. Mas, alguns postes, têm mais a dizer do que muitas pessoas! Sim, acredite, é o caso deste, que dia após dia esta ali para quem quiser ver e ouvir.


Para os que estão sem rumo, ele indica que a esquerda estão os bairros: Barra Funda, Campos Elíseos e Lapa. Mas perceba que como bom paulista este poste poderia ter uma placa mais ou menos assim: “Desculpa estou atrasado, não sei onde fica não”. Mas isto não faria jus a todos os paulistanos, além do fato de ele não ir a lugar algum nunca! Se levarmos em consideração, aqueles mais solidários, utilizando-se de uma política de reciprocidade, o poste teria algo como: “Para a Barra Funda! Orra meu é facinho, viu! Entra a esquerda, conta uma duas rua, daí vem o farol, entra à direita e desce duas quadra até um bar com a borracharia na esquina, dai...”. Mas, ele é só um poste, e para agradar gregos e troianos ele se limita a dizer o básico.


Além de indicar aos perdidos para onde ir, ele também mostra duas setas que poderiam dizer muita coisa: “Para cima o céu e para baixo a Terra” ou “vice e versa” ou “A parte de cima do bairro é a parte nobre da Santa Cecília, que inclusive é acesso a Higienópolis. A parte de baixo é o lado pobre, perto do viaduto, do metrô, e de um bando de camelô”... Mas isto, seria muita discriminação e dialética social partindo de um mero poste. Por isso, antes que alguém tire qualquer conclusão apressada, ele também diz em seguida: “Próxima Quadra”


Agora sim, está explicado, uma seta para cima e uma para baixo mais a tal Próxima Quadra, significa que se trata de uma via de duas mãos. Veja que não são duas mãos que se cumprimentam, seja dos vários alunos que ali passam diariamente, ou dos trabalhadores da região, isto não. Tão pouco se trata das mãos dos vizinhos que se encontram ao seu pé, levando o cachorrinho para passear ou chegando de algum lugar, morador do centro cuida da sua vida e no máximo cumprimenta balançando a cabeça. Também não se trata da mão que se estende a um necessitado, já que estes são encontrados aos montes pelo bairro seria necessário um exercito de mãos, ou apenas algumas mãos de políticos de boa vontade, que usam suas mãos para assinar leis para melhoria do povo ao invés de utilizá-las apenas para lavar a de outros.


Apesar, dos tantos tipos de mãos, ele esta se referindo aos carros. Limita-se a dizer que na próxima quadra, você que esta dirigindo um automóvel em direção ao largo da Santa Cecília, verá outros carros que estarão subindo e portanto preste atenção, dê-lhes passagem à esquerda.


Outro fato curioso é que sempre ouvimos a expressão “burro feito uma porta”, mas, nunca ouvimos “burro feito um poste”. Será que é porque os postes se comunicam enquanto as portas só servem para dar passagem aos outros. Se bem que às vezes, as portas estão fechadas para muitos, não dão a menor passagem.


No caso deste poste, em específico, seria errado chamar-lhe de burro. Perceba seu conhecimento sobre história e arte, mais especificamente em pop arte. Isto não é achado em muitos alunos de universidades, para ser mais objetivo em muitos alunos do curso de propaganda, por exemplo. Existem duas figuras, uma na frente com o rosto do “Seu Madruga” personagem do programa de TV Chaves, isto que parece bobo, não poderia ser considerado como uma releitura da Marilyn Moroe de Andy Warhol? Repare na segunda figura que se parece com Ghandi. Os olhos com vários círculos expressam certa loucura, quem sabe? E não estaria errado, afinal, Ghandi não foi um hindu muito louco perante os ingleses e ao mundo inteiro? Da mesma forma que Cristo também foi frente aos romanos e ao mundo? Ou Hitler frente a Deus e o mundo? Mas ai, o poste teria que defender os vários tipos de loucura e poderia até entrar em uma briga religiosa. Teria que defender seu ponto de vista e seria muito para nada. Não valeria a pena. A arte esta lá, apenas isto, como qualquer outra em qualquer lugar.


No caso das imagens, poderiam pertencer até a Basquiat! Mas seria muito improvável, se não pelo fato de estarmos a quilômetros de distancia de Nova Yorque, seria pelo fato dele estar morto há um bom tempo, enquanto àquela figura está bem nova, e conservada em ralação a sua exposição a céu aberto. Desta maneira, como ninguém assume, o crédito da gravura é do poste. Aliás, para os mais antenados em arte, o nome correto é “sticker”, uma dissidência do graffite, cuja ilustração é feita em um papel adesivo e depois colado em algum lugar público.


Tudo isto pode ser um grito de rebeldia, ou apenas a vontade de dizer algo como: “OI! Eu também sei fazer algo especial, eu estou aqui e existo”. Será este o motivo de encontrarmos mais deste tipo de arte na parte da seta que aponta para baixo? Porque os postes da parte de baixo têm a necessidade de falar assim?


O que mais chama a atenção neste poste “falastrão” foi o aviso para as “moças de fino trato”. Se estivesse preso em outro poste, cujo belo candeeiro adornasse o seu cume, e sua luz servisse para revelar homens de terno e chapéu, verdadeiros barões do café, com certeza, o poste estaria a procura de moças que nas tardes de domingo ficam em volta do rádio à válvula, tricotando, enrubescidas apenas com a idéia da palavra casamento. Esta imagem é tão nítida, que se forma em preto e branco na mente. Provavelmente esta falta de cor seja herança dos filmes da Atlântida, que pertencem a tempos “áureos”. Tempo em que moças do interior precisavam estudar enfermagem na Santa Casa e não possuíam parentes em São Paulo, tudo era longe e andava na velocidade do bonde.


Mas este simples poste, sem luz em cima, pertence aos tempos coloridos, embaçados de fumaça, tempo interativo, globalizado, tempos de TV (em cores) DVD e roupas lavadas em máquina, só pode estar procurando putas mesmo, afinal esta é a nova realidade do bairro no lugar que seta aponta para baixo e onde os postes “falam”.


Fotos: Ricardo Alves
Postagem:
Ricardo Alves